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quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Amadurecer

No meu último dia em Resende nessas "férias" (afinal, como não estou de férias do trabalho, não são completas), fui tirar uns livros do armário para doação e encontrei provas antigas. Não querendo remexer muita coisa do passado (droga, por ter pensado nisso é o que vou fazer agora...) fui dar uma olhada nas do primeiro ano do ensino médio, e encontrei uns trabalhos de Arte e provas de Filosofia.

Filosofia no colégio, tirando algumas aulas na Escola Um, nunca foi tão incentivador ou motivador. Geralmente era uma matéria chata não por ser, mas da forma como era dada. Interessante como vemos que nossas respostas mudam com o tempo, de frases curtas para parágrafos mais elaborados. Acho que o professor não gostava de textos longos para corrigir.

Nos trabalhos de arte, percebi que aproveitava para chocar (ou tentar) a administração católica do Santa Ângela. Desenhos com crucifixos em chamas, temas sobre a morte e perspectivas nada positivas sobre a vida. O desejo latente do adolescente em aparecer, em chocar a geração anterior, de mostrar-se opositor à inércia. Se algum psicólogo examinou meus trabalhos, devo ter recebido pontinhos negativos.

Um website sobre a morte e um cubo em perspectiva. Bônus pelas referências a Led Zeppelin.

Engraçado que uma redação sobre minha visão de mundo (creio que foi em Artes, acho que não teria apresentado na aula de Filosofia com o professor padre - que chegou a falar para a turma: "Eu não gosto de vocês" após ter sido criticado na avaliação dos alunos), apresentei um manifesto punk. Em algum lugar eu li que "se aos 18 você não é comunista, não tem coração. Se depois dos 30 continua comunista, não tem cabeça". Não sei se a frase é exatamente isso (oi gente, tem o Google aí e estou com preguiça agora =) ), mas com certeza também vale para algumas posturas mais radicais da adolescência.

Não liguem para os erros de Português e idéias erradas (positivista ao invés de positiva, por exemplo). Vamos combinar que eu era adolescente, certo?

Ainda ouço música punk, mas nem por isso preciso levantar a bandeira e seguir o movimento cegamente (e erroneamente, sejamos francos, não é todo adolescente que vai entender a essência do punk).

A nostalgia muito provavelmente não terminará aqui. Foi uma época boa, justamente pelo experimentar, pelo desenvolver o ser-em e o ser-com, em orgulhar-se e (por que não?) ter arrependimentos do que fez. Afinal, sobre nosso passado, o que é melhor que olhar para trás com a cabeça de hoje e pensar em como teríamos feito tudo diferente se tivéssemos a sabedoria que temos hoje? Mas dessa forma, não teria tido tanta graça.

4 comentários:

  1. Entender a essência punk não é tão difícil: e só ser revoltado e descompromissado com qualquer coisa. Não é?

    Olhando para seus desenhos e redação, pensei: Baère tinha probleminha (como diz Felipe Neto). Mas a juventude tem disso, você mesmo falou. Hoje o ex-punk revoltado é mestrando e um rapaz muito sério – ok, nem tanto. ;-D

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  2. Bom... Eu não era todo revoltadinho desenhando livros de Necronomicon haha, mas tive minha fase de rebeldia. Ainda ouço punk/hardcore, mas aprendemos que a atitude (do não conformismo, por exemplo) não se expressa visualmente... Apesar de tudo, acho que virei apolítico, pois democracia é apenas ilusão, bem como ser ingênuo e acreditar que socialismo, comunismo ou qualquer outro "ismo" funcionará na prática.

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  3. ótimos desenhos. E não, um psicólogo não tiraria ponto. Nem um padre tiraria ponto, afinal, para ele entender que asqueles quatro dentes amarelos foram, na verdade, um crucifixo, ele teria que abstrair um boooom bocado... Xd hauhauuah

    *observa a letra, repensa a idéia de dar aula*

    Deve ser bacana esse texto... quando legível. =D

    no todo, show! \o/

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