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domingo, 23 de janeiro de 2011

Resmungos

Hoje estava na casa do Décio (que agora tem Facebook) na piscina. Entre as diversas conversas que o povo teve no dia, duas foram de teor digital: iPhone e pirataria no PS3. Percebam como ambos os assuntos se interligaram.

Desde que comprei um iPhone, venho me defendendo de perguntas como: "Por que um iPhone e não um Android?" e "Por que comprou um telefone tão caro e não um barato?". A escolha é um gosto pessoal, não precisa ser justificada, mas se fosse necessário seria pelo apelo do produto Apple (aqui entenda tanto o marketing quanto o design), sua enorme base de aplicativos já testados e opiniões de amigos além de sites como Lifehacker, que pesquisei antes de tomar minha decisão. E por que pagar o preço do plano da operadora e não comprar no Ebay ou Mercado Livre? Para isso, só o perigo do extravio ou a necessidade das taxas de importação (via Ebay) ou o preço similar do aparelho no Mercado Livre são fatores que justificam, além da óbvia falta de garantia no caso de problemas. Vamos pelo jeito legalizado, pagando pelo iPhone mais caro do mundo, para evitar dores de cabeça posteriores.

Puxando pelo legalizado, fazemos a conexão com o outro assunto, o PS3 e PSP, no caso a pirataria sobre os mesmos. É com orgulho que digo que mesmo sendo mais fácil piratear jogos para PC, amigos meus resolveram comprar jogos via Steam depois que lhes apresentei o serviço, e isso se refletiu em sua opção de manter o PSP bloqueado. O argumento comum aqui é que ter tantos jogos disponíveis no desbloqueado faz com que você aproveite menos cada um deles, fato que ratifico por ter um PS2 desbloqueado, mais de 200 dvds piratas e ter zerado, ou jogado até mais da metade, no máximo por volta de 5% desses jogos.

Dessa forma, além do fato do desbloqueio dificultado/impossibilitado em algumas versões do PSP e até recentemente a impossibilidade de desbloquear o PS3, recuperou-se o antigo espírito de escolher bem os jogos que se compraria e de aproveitá-los ao máximo. Porém, isso está por ser quebrado para alguns jogadores com o desbloqueio do PS3 e já vimos alguns reflexos ruins disso, como os hacks de troféus e de jogos como Modern Warfare, invalidando toda a motivação dos troféus e uma das maiores defesas de se jogar em consoles que era a não-existência de cheaters.

Porém, em uma batalha em que poderia se destacar como heroína em vez de vilã, a Sony está perdendo. A Microsoft deu um banho de como lidar com a comunidade quando convidou o grupo que hackeou seu Windows Phone para conversar e sugerir melhorias de segurança, além de possivelmente abrir caminho para o desenvolvimento homebrew, incentivando a compra de aparelhos com sua tecnologia. Após retirar o OtherOS, a Sony tocou o sino que marca o primeiro round na briga com a comunidade a que deveria dar suporte, ou ao menos lançar migalhas que os deixassem satisfeitos sem entregar todo o pão. Processar o grupo failOverfl0w, Geohotz e perseguir qualquer pesquisa que demonstre falhas de segurança em seu aparelho é comprar uma briga em que o perdedor final será ela e a comunidade de jogadores e desenvolvedores "caseiros". Além disso, há o boato do uso de serial-codes para jogos de PS3 e mais atualizações obrigatórias e demoradas.

Espero que nas próximas gerações, Nintendo e Microsoft se destaquem com o apoio à comunidade de desenvolvedores caseiros (homebrew), enquanto a Sony, estigmatizada por sua atuação nesta geração, seja relegada ao último lugar por querer ser o Império que tenta sufocar os Rebeldes. A Apple já percebeu e liberou algumas amarras que impunha aos desenvolvedores de aplicativos para o iOS, resta a Sony tentar se redimir e fazer as pazes com seus consumidores e futuros desenvolvedores.

3 comentários:

  1. Cara, essas atitudes da Sony foram realmente incompreensíveis. Mal consigo imaginar a burocracia kafkaesca e corrupta que leva a esse tipo de decisão... Em algum momento, alguém esqueceu que uma empresa precisa atrair clientes e não enxotá-los.

    Confesso que fiquei bastante surpreso com a reação da Microsoft diante da possibilidade de homebrew no Windows Phone. Finalmente alguém reconheceu que essa história de hardware "alugado" não cola, e os clientes querem se sentir donos do que compram. É um passo na direção certa, mas ainda falta muito para acabar com essa guerra entre fabricantes e comsumidores.

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  2. "sua enorme base de aplicativos já testados" --> jogos principalmente!

    "opiniões de amigos" --> ello!

    "amigos meus resolveram comprar jogos via Steam" --> oh yeah, mas não gostei muito da interface e de como ele manipula os arquivos dos jogos baixados.

    "tantos jogos disponíveis no desbloqueado faz com que você aproveite menos cada um deles" --> nunca tinha pensado por esse ângulo

    "Nintendo e Microsoft se destaquem com o apoio à comunidade de desenvolvedores caseiros (homebrew)" --> hein? Segundo a Wikipedia, o homebrew do DS não é oficial e a Nintendo fica tentando bloquear. O SDK da Apple é gratuito (incluindo o simulador de iPhone) e você paga "apenas" US$99/ano para instalar nos aparelhos e poder vender na loja (sem se preocupar com gerenciamento de downloads e pagamentos). Isso abriu portas para muitos pequenos desenvolvedores, como nunca havia acontecido antes.

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  3. Eu lembro de ter lido em algum lugar sobre a criação de aplicativos para Nintendo finalmente ser oficializada, mas posso ter me enganado nesse ponto.

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