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quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Ensinar e Aprender

É a segunda vez que dou monitoria das matérias básicas de programação na faculdade. Semestre passado foi bem movimentado nesse aspecto, além das aulas de monitoria (minha primeira experiência com aulas de fato), acabava tendo que explicar matéria que estava estudando para meus amigos (e muitas vezes tinha que aprender a matéria na hora, já que sou meio relapso com estudos...), mas a sensação de ser quase um professor veio hoje.

Quando o período recomeçou encontrei um habitué das minhas aulas de monitoria. Disse que tinha passado na matéria, a última de programação que ele tinha que fazer obrigatoriamente. Cumprimentei o rapaz e fiquei satisfeito, mas ficou uma sensação de "será que o que ensinei pra ele fez alguma diferença?". Afinal, ele pouco provavelmente usaria o que aprendeu nas minhas aulas no trabalho, fora as estratégias de resolver problemas.

Na aula de hoje vi rostos novos e rostos conhecidos de outras aulas deste semestre. Mas foi quando chegou uma aluna que foi em algumas monitorias minhas no semestre passado que tive o estalo: essa garota tinha muita dificuldade em entender a matéria, as dúvidas dela também eram difíceis de responder, não eram como as da maioria dos alunos que entendem um pouco da matéria, o que ela perguntava demandava especificidades da matéria que acabavam criando mais dúvidas.

Eu olhei pra ela e esperei ela se lembrar de mim (minha ex chefe mal me reconheceu por causa do cabelo grande, então já me acostumei com as pessoas não me reconhecerem) e perguntei qual era a matéria que ela estava fazendo agora. Quando disse que era a última de programação, fiquei muito feliz, ela tinha superado a dificuldade e passado na matéria! As dúvidas dela continuam fazendo com que eu tenha que explicar algumas especificidades que para os outros entrariam por um ouvido e sairiam por outro, mas agora ela consegue entender melhor.

Acompanhar essa evolução dos alunos me agrada, dá uma sensação de dever cumprido. Ver o aluno que entrou cheio de dúvidas na sua aula sair de lá dizendo que volta na semana seguinte e que gostou da explicação é muito bom.

Fiquei ainda mais 15 minutos além do tempo com alguns alunos terminando de tirar as dúvidas e retornei pro meu laboratório. Lá, sentada na mesa rabiscando alguma coisa no papel, está a moça da limpeza. Ela diz que gosta do silêncio da sala (eu carinhosamente chamo isso daqui de "Caverna"), e é um ótimo lugar pra ela botar no papel o que vem na cabeça. Em seguida me confessa que largou os estudos na 5ª série e voltou para o supletivo, mas está sem muita garra pra continuar. Ela retorna ao trabalho, mesmo eu oferecendo que continue com o descanso e sugerindo que não deixe o desânimo tirá-la da escola novamente.

Penso no dia de hoje e escrevo no meu blog, há ainda trabalhos a fazer antes do show da banda Fuzzcas daqui a pouco na Vila dos Diretórios.

5 comentários:

  1. Esqueci de comentar, mas estão usando o Alice novamente para ensinar os princípios de programação nas primeiras aulas. Odeio quando não avisam que vão fazer isso (segunda vez...), mas os alunos acabam conseguindo se virar muito bem com o programa (e os conhecimentos de OO e motores gráficos ajudam a resolver alguns problemas).

    Tem uns vídeos incríveis que eles fizeram. Os melhores trabalhos aparecerão numa mostra que os professores da matéria farão. Se tiver vídeos online eu coloco o link aqui.

    E foi divertido ver aquele pessoal lá falando "Ahh, vamos fazer um Animal Farm" ou "Tem tartarugas! Vamos fazer Tartarugas Ninja!". Teve até uma garota que fez uma história com zumbis!

    E antes que venham falando, não, esses alunos citados não tinham NADA de nerds.

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  2. Fico muito feliz que tenha se sentido bem ao perceber que alunos estão aprendendo com o que você ensina, que tens satisfação em ensinar. Fico ainda mais feliz em saber que, não como certos professores que nem ligam para certos alunos que tem dúvidas mais elementares, você se importa e tenta explicar, ou seja, tenta cumprir o seu papel.

    Também sou monitora esse semestre, sou monitora de Filosofia da Linguagem, e estou desanimada. Nenhum aluno se mostrou interessado até agora. Mas o fato é que vai chegar na hora da prova, um dia antes talvez e vão querer que eu explique a matéria toda.E sabendo disso, minha mente diz pra mim mesma: -- Meu papel como monitora é tirar dúvidas e não explicar a matéria toda. Por favor alunos me perguntem e não apenas digam: explique ai! Não entendi nada da matéria! E minha mente ainda dizendo: --Eu sei que vcs não leram nada do texto...

    Fico feliz que os alunos que te procuraram se importam... =D Queria que os da Filosofia também se imporatassem....

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  3. Nossa, sinto um doutorado iminente... Eu não fui monitor uma única vez, até tenho vontade de tentar, mas sinto pena dos alunos... heheheeheh

    E essa história de vcs me lembrou um quadrinho do PhD...

    Agora fico imaginando o que estava sendo rabiscado naquele papel... O que será que se passava na cabeça dela, ainda mais para depois confessar uma informação pessoal???
    Abs

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  4. adorei o quadrinho.. mas eh bem verdade.. tem mta gente que soh tah ali pra passar.. poucos sao os que tem interesse.. mas eles compensam os outros.. eh bruno acho q alguem também vai seguir carreira academica, hahaha..

    bjsss

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  5. Assim, Bruno professorinha???
    hauahuauhauahua
    imagino ele dando aula em tom de mestre de RPG.
    "Então, o bravo guerreiro brandi sua espada enquanto calcula a equação exponencial de processamento das geratrizes dos itens."

    enfim, na verdade só ele sabe fazer isso, neh bruninho? auhauauhaah

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