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quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Os Famosos e os Duendes da Morte

Começou o Festival do Rio 2009, filmes desconhecidos e filmes conhecidos, não percam a oportunidade!

Numa terça-feira chuvosa, e com o dia quase perdido por causa do sono irregular, decidi ver um filme que não tinha me programado. Vi pelo site do G1 que passaria "Os Famosos e os Duendes da Morte", nacional, às 22:20 no Shopping da Gávea. Pela sinopse, parecia ser um filme bem doido, interessante

Um garoto de dezesseis anos, fã de Bob Dylan, acessa o mundo através da internet, enquanto vê seus dias passarem em uma pequena cidade alemã no interior do Rio Grande do Sul. A chegada de figuras misteriosas na cidade traz lembranças do passado e o leva para um mundo além da realidade.

Aproveitei para ver a aula que uns amigos meus fazem, já que ia terminar lá pelas 9 da noite, e de lá embarcar para o cinema, até aproveitei para tirar uma dúvida (e o professor nem notou que eu não era da turma =D). Deu até para trabalhar um pouco no "Você é um Lixo!" enquanto estava lá na bomboniere do cinema esperando dar a hora.

Primeira constatação: Você é obrigado a ver um curta. Não que curtas sejam ruins, mas o que passou foi. Receio que uns 15 minutos de minha vida foram desperdiçados gastos de uma maneira que eu não tinha planejado. Chegamos ao filme propriamente dito.

Cabe lembrar que quando vou ver um filme sozinho, não dou muita sorte. Já calhou do projetor falhar no meio, da exibição ser interrompida por crianças que tacaram latinha de refrigerante na cabeça de um velho. Mas o mais chato são as pessoas inconvenientes (o que de fato ocorreu nesse dia), que ficam conversando alto (nada contra comentar o filme, contanto que não atrapalhe os outros) ou achando que estão em casa. Deve ser por isso que tenho preferido ver filmes em casa, não tem... gente.

O filme começa bem viajante, intercalando vídeos do Youtube com posts em blogs e cenas no mundo real. Interessante, bate com a proposta. Continua com algumas coisas comuns da adolescência, mas depois se perde nos próprios mistérios. Durante o filme as pessoas se levantavam e iam embora quando não conseguiam mais acompanhar, a revelação dos mistérios não acontece num "timing" certo, o diretor acaba perdendo o interesse do público, e assim fica difícil reconquistá-lo. O tal concerto do Bob Dylan, citado pelo personagem sem-nome, que nos instiga a pensar que será um momento de clímax, uma experiência reveladora ou quase religiosa que o tal adolescente poderia ter indo ao show de seu ídolo, nunca chega a acontecer. Apesar disso, a trilha sonora do filme não deixa a desejar, trazendo Mr. Tambourine Man e músicas da autoria do alternativo Nelo Johann, que casam muito bem com as cenas.



Em certa parte do filme, eu não entendia com quem o protagonista conversa no MSN. É com a garota dos vídeos? (Depois descobri que é uma referência ao diretor). E afinal, quem é essa garota? Cheguei a achar que era uma projeção do próprio garoto, externalizando sua confusão de adolescente na figura de uma garota que não existia sem ele, sendo a representação de seus desejos incompreendidos. Depois de 1:30h de filme podemos inferir quem é a garota.

As últimas cenas deixam a entender uma experiência sobrenatural, ou no mínimo uma viagem do garoto externalizando sua sexualidade, ao que se pode entender do diálogo dessas cenas com o que ocorre com o personagem desconhecido e misterioso citado pela sinopse no decorrer do filme. Há ainda o mistério sobre o pai do protagonista, mas as últimas cenas com a mãe deixam a entender o que aconteceu.

Chegando em casa, após ver todo mundo sair em silêncio do cinema, com aquele ar de "Que porra foi essa?", decidi procurar mais informações. A página da Warner Bros sobre o filme dá os links para o canal de Youtube, Flickr e blogs mostrados no filme. Do canal do Youtube dá para se atingir reportagens locais sobre o filme (e descobrir quando que o diretor aparece, e quem é o autor do livro que deu origem ao filme). Aliás, vendo a página do livro Música Para Quando As Luzes Se Apagam, resolvi dar uma chance ao original, quem sabe não é melhor executado que o filme? Encomendei pela Estante Virtual, saindo a quase um terço do valor original.



Não é um filme fácil de digerir, mas depois de ponderar sobre a história, a intenção do diretor e do roteirista (e visitar o Flickr da beldade que é Tuane Egger), não achei que foi uma noite perdida.

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